quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Crítica: PIXINGUINHA E A VELHA GUARDA DO SAMBA


Quando exibido na noite de abertura do 14° Vitória Cine Vídeo, o curta-metragem Pixinguinha e a Velha Guarda do Samba, de Thomaz Farkas e Ricardo Dias foi aplaudido com particular entusiasmo pela platéia que lotou o Teatro Glória. As imagens do sambista e sua trupe numa animada roda de samba tocando e dançando provocaram reações exaltadas por parte do público, já que além de exibirem toda a simpatia e a sintonia do grupo enquanto unidade, estas são também o único registro em movimento do conjunto em ação. Encontradas por acaso pelo fotógrafo e documentarista Thomaz Farkas em seus arquivos pessoais, as imagens funcionam como mote principal para o desenvolvimento narrativo do curta, que tem como função primordial evidenciar a importância desse achado e, a partir disso, notificar a relação passional de Farkas para com seu tesouro. Usando uma abordagem formal e de fácil assimilação, o cineasta inicia o curta caracterizando sua personagem central em seu ambiente cotidiano, para, no momento posterior, servir sua câmera a favor do relato que ele tem a nos fazer: como aconteceu e qual o significado do documento filmado num simples tripé no Parque do Ibirapuera em 1954. Embora haja um contraste no tratamento dado aos dois pólos que movem o filme – o testemunho de Farkas e a reprodução do registro visual -, marcado pela distância com que o cineasta retrata seu documentado e o contraponto emocional que este faz ao descrever o ato de captura do momento em questão, o curta se mostra bem-sucedido ao homenagear simultaneamente duas figuras de notabilidade da cultura nacional. E o privilégio de assistir aos gracejos de João da Baiana, Donga e vários outros músicos comandados pelo mestre Pixinguinha, é o que, sem dúvida, justifica a recepção calorosa que o curta encontra por todas as salas onde é exibido.

Samuel Lobo

(texto produzido na oficina “O curta-metragem brasileiro: história e crítica”)

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