terça-feira, 20 de novembro de 2007

Crítica: NUNCA MAIS VI ÉRICA


A produção capixaba “Nunca mais vi Érica”, de Lizandro Nunes, tinha tudo para ser um dos grandes filmes capixabas. A começar pela escolha do local da filmagem (Rua da Lama, com a galera sentada no Bar do Cochicho), o filme, por alguns instantes, leva o espectador a pensar num clima de saudosismo amoroso entre os personagens. A sensação de um reencontro singelo que, apesar das circunstâncias, gera no espectador a impressão de se estar vendo um filme romântico; parece mostrar que, apesar dos pesares, é sempre bom passar por um (re) encontro.

A história da trama é o reencontro de Érica (Andressa Furletti), com seu antigo namorado Miro (Bento Abreu). Érica, que agora está casada, vai ao encontro de Miro, querendo matar a saudade do passado. Depois de todo o clima de “remake amoroso”, Érica vai atrás de Miro, e o casal transa, como que concretizando toda a intenção do filme. A partir desse ponto começam os devaneios “terrorísticos” da trama. Como dito anteriormente, essa produção tinha tudo para ser uma das melhores até agora produzidas em terras capixabas, se o diretor atentasse para a simplicidade que a trama lhe proporcionava. A transição entre a cena de amor, da interação entre as personagens, é substituída bruscamente por um universo obscuro, suspenso, sem nexo. E digo isso exatamente pela falta de linearidade entre as várias ambiências da trama. A obra, principalmente no início, não deixa margem para um clima sinistro, misterioso. Ao contrário, ela suscita no espectador um clima romântico, saudoso, singelo que, interruptamente, é desvencilhado da trama.

Embora tenha gerado uma euforia na platéia, talvez por ser uma produção capixaba, o filme deixa a desejar quando opta pela falta de coesão entre as ações dos personagens e o enredo proposto a priori na trama. Deixa a desejar principalmente pela forma com que as cenas de suspense chegam ao espectador.

Parafraseando a crítica de Rodrigo de Oliveira ao filme A Fuga: Miro e Érica "mereciam moldura melhor para os seus sonhos", do que medíocres cenas de terror. Mas o cinema prevalece sempre!

Moisés Nascimento

Um comentário:

Dorian.G disse...

Produção bem sustentada, atores bastante interessantes, seguros de seus personagens.Assisti ao filme e de fato fica a sensação de que falta alguma coisa. Mas embora muitos roteiros bons não se firmem apenas por isso, a "lógica" fez falta, logo o fio condutor da trama se perde entre devaneios e transições que remetem a Lynch( e não é uma má referência!)Porém, (sempre há um prém!) se a intenção de Nunes era perturbar e nos deixar pensando no passar do tempo e nos (re)encontros que desejamos, missão cumprida!