sábado, 17 de novembro de 2007

Crítica: ANTES QUE SEJA TARDE


Antes que Seja Tarde não é apenas uma ficção adolescente como essas que vemos em qualquer lugar ou até mesmo na televisão. Aqui, vivemos a experiência de Digo – representado pelo ator Fábio Lucindo que também empresta sua voz para vários personagens de desenhos animados, então não estranhe se perceber alguma semelhança com um “Vai, Pikachu!”. Digo é um rapaz sonhador que tenta lidar com seus sentimentos da melhor maneira possível através de sua fase de pré-emancipação e de estudante pré-vestibular.

A maneira que o filme é dirigido, envolvido na mesma profusão de pensamentos entrecortados por lembranças e sonhos da cabeça de Digo, num ritmo acelerado e quase caótico é a imagem exata do funcionamento da cabeça de um adolescente com suas paixões, dúvidas, angústias e questões filosóficas. Digo tem escolhas difíceis a fazer, mas não sabe como fazê-las – ou não quer fazê-las –, algo que ele aprenderá com a experiência que ele ainda não tem.

Assim, também somos apresentados aos seus amigos, personagens diferentes, mas que invariavelmente acabam tendo as mesmas dificuldades que Digo, como a insegurança.

Mais do que nos contar a sua história, Digo nos faz sentir o que ele sente, ter as dúvidas que ele tem, tudo isso graças à visão que o diretor nos dá através da narração em primeira pessoa, da bela montagem fotografia e da trilha sonora, que preenche de forma exata os espaços deixados como lacunas, momentos de reflexão enquanto anda de bicicleta.

Saulo Puppin Pratti

(texto produzido na oficina “O curta-metragem brasileiro: história e crítica”)

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